Luzem na água
Cintilações
Divagam monocórdicos
Sons, ruídos
Que acompanham
A tarde a esvanecer-se
Pássaros empalhados
Vazios e nostálgicos
Marcam o ritmo
Caem como chuva
Húmidas sensações
Atravessam-se no peito
E perdem-se
Num vago mastigar
Há uma guerra
Sem sentido com a natureza
Que apaga no alcatrão
As palavras sujas
Há sons no esquecimento
Que têm o calor
Das frases feitas
Uma inundação
De saliva na boca
Ao desejar
Caminhos transparentes
Onde as cores
Fazem acordar
É um clarão
A iluminar as colinas
Que se olham com fascínio
É este querer
Que vem do nada
Que faz morrer
Rui Carlos Souto, Maneiras de Andar, Black Sun Editores, 2001.
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