sexta-feira, 12 de junho de 2009

Fidelidade

Diz-me devagar coisa nenhuma, assim
como a só presença com que me perdoas
esta fidelidade ao meu destino.
Quanto assim não digas é por mim
que o dizes. E os destinos vivem-se
como outra vida. Ou como solidão.
E quem lá entra? E quem lá pode estar
mais que o momento de estar só comigo?
Diz-me assim devagar coisa nenhuma:
o que à morte se diria se ela ouvisse,
ou se diria aos mortos, se voltassem.

Jorge de Sena, A Arte de Jorge de Sena, 2004.

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