quinta-feira, 18 de junho de 2009




















À noite lavo a cara no quintal.
De estrelas rudes o firmamento brilha.
Como sal no machado o raio estelar
arrefece a pipa cheia até cima.

O portão é trancado a ferrolho
e a severa terra é justa e agreste.
Impossível encontrar um mais puro
fundo que a verdade do linho fresco.

Como sal, uma estrela funde na pipa
e a água gelada é mais negra.
Mais pura a morte, mais salgada a desdita,
mais terrível e verdadeira a terra.

1921

Óssip Mandelstam, Fogo Errante, Relógio d'Água, 2001.

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