quinta-feira, 7 de junho de 2012

"Se quiseres, podes purificar-me"

Mostra-lhe, como uma coisa pode ser feliz, inocente e nossa,
como até a própria dor lamentosa se abre, pura, à forma,
serve como coisa, ou morre transformando-se em coisa -, além
ela afasta-se, com júbilo, do violino. Estas coisas que vivem do declínio
compreendem que tu as louves; efémeras,
confiam-se-nos como coisas salvando-se, a nós os mais efémeros.
Querem que as transformemos por completo no coração invisível,
em - oh, infinitamente - em nós! Sejamos nós quem formos, afinal.

Rainer Maria Rilke, in  "Nona Elegia", As Elegias de Duíno, trad. Maria Teresa Dias Furtado, Assírio & Alvim, 2002.

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