Das bandas da floresta e da herdade de Koltóvitch soprou um odor forte a convalária e a ervas melíferas. Piotr Mikháilitch ia ao longo da lagoa, olhava tristemente para a água e, recordando a sua vida, cada vez mais se convencia de que, até ao momento, nunca dissera e fizera o que pensava, e as pessoas pagavam-lhe na mesma moeda, por isso toda a sua vida se lhe afigurava agora tão escura como esta água em que se reflectia o céu nocturno e se emaranhavam as plantas aquáticas. E tudo lhe parecia irreparável.
Anton Tchékhov, Contos, III, Os Vizinhos, Relógio D'Água, 2002.
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