terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Entrevista

Como se reflecte numa faculdade de Letras a alteração de mentalidades que considera hoje irrelevantes as ideias e as Humanidades, para dar primado absoluto ao conhecimento prático que assegure emprego?

É uma espécie de discurso asfixiante. O que é uma brutalidade – as pessoas entram aqui vindas do liceu, estão três anos, o tempo de uma licenciatura (quanto a mim, seria melhor se fossem quatro), e durante esses três anos os alunos ouvem obsessivamente falar de saídas profissionais, empregabilidade, etc., quando deviam estar três anos a ler, a ir ao cinema, ocupados com actividades que os educam.
A noção de educação deixou de interessar. A brutalidade prática é tal, que a única coisa que interessa é a saída profissional. E isto é algo que vai ter custos enormes no país, nem que sejam custos de um ponto de vista moral, da auto-estima das pessoas, etc.

Sem comentários:

Enviar um comentário