neste mundo de merda (na maior parte do tempo costumo pensar que não se trata de um mundo de merda), há dois tipos de merda que temos de aturar. aquela que sabemos que we had it coming (man up, neste caso, ou woman up, mais especificamente, que a culpa é minha) e aquela que não merecemos (e que nos enche de uma auto-comiseração que nos embaraça mas que não podemos evitar, é bom coçar a ferida, nadar em self-pity, a porta da casa de banho trancada, chorar na banheira, etc.). Mas quando de Sena escreveu que «nada nos salva desta porra triste», e ele não está de todo enganado sobre isto (não há literalmente nada que nos salve, mas há coisas que nos distraem e na melhor das hipóteses as distracções definem-nos perante essa porra triste), há debaixo desta frase o sublinhado do lápis, os dentes que mordem o lápis e o esforço hercúleo que num dia de merda estou disposta a fazer para me lembrar de que neste mundo há o marido, os amigos, schubert & anne carson.
e o resto
muito honestamente
que se foda.
Sem comentários:
Enviar um comentário