O corpo sempre foi eloquente em
relação à paisagem. Cede-lhe
arbitrário movimento por entre árvores
e pedras. Mas
terá a paisagem alguma vez cantado a sua presença,
quando do chão se eleva e se move ou suspende o
passo e permanece em mortal escultura? E
se fundem com as folhas secas, com o húmus da terra
as formas?
O braço alonga-se, o rosto recebe uma gota de
sombra, o torso guarda leve tremura,
uma sensação de vertigem desce dos cimeiros ramos
converte o corpo num êxtase. Os relevos
hão-de apodrecer
sobre as folhas do outono
irrompe a peonia branca, bravia
o corpo na paisagem também vai morrer por esquecimento -
desaparece no horizonte o arco-irís.
*Neue Nationalgalerie
João Miguel Fernandes Jorge, Sobre Mármore, Teatro de Vila Real, Outubro de 2010.
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