segunda-feira, 11 de março de 2013

Estupidez


2 comentários:

  1. As fórmulas simplistas do séc. XX não estão só a ser utilizadas em Portugal. Seja como for, por cá estamos amarrados a esta partidocracia, repleta de nepotismo e corrupção. Olha o caso do gajo que lidera agora a cp, é rastrear a sua família toda e ver os cargos que ocupam.
    Fazem falta vozes que se ergam contra o sistema em que vivemos, alguém com carisma que proponha uma solução diferente, aproximando-nos da democracia directa (vide partido x, em Espanha). A resposta de ser dada já, porque há obras 20 anos atrasadas que continuam a ser adiadas pela corja corrupta e obtusa (e.g., TGV). Não é o atrasadinho do Seguro ou os bacocos da esquerda corrupta que a podem dar, muito menos os encartados economistas e comentadores políticos, de visão curta e sectária, que não percebem que mais que economistas fazem falta sociólogos e cientistas na televisão.
    E Beppe Grillo? O que diz a sua vitória do estado da democracia actual? Chega de simplistas do século XX, mas chega também dos simplistas que se arrogam das frases de Churchill para defender uma democracia que, sabemos hoje, é completamente falsa.

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  2. Ainda não vi o caso do administrador da CP, mas os exemplos nojentos (a palavra não é outra) dos frutos da política da partidocracia vão-se multiplacando, sancionados por essa mesma partidocracia que empestou a vida cívica no nosso país. Ora vida cívica para mim seria o conceito a que devíamos atar todas as soluções (o Grillo talvez seja tão popular por passar uma imagem de preocupação com isto e uma promessa de possibilidade disto, implicar as pessoas, envolver as pessoas nas decisões que afectam as suas vidas, o que aponta para a ideia mais retinta e mais básica que temos de democracia, mas infelizmente em muita coisa ele não é uma figura tão interessante quanto o seu discurso parece sugerir, tenho um exemplo muito claro em mente, mas agora varreu-se-me, se me lembrar digo-te). Mas desse ponto de vista, um indivíduo como o Grillo é, para usar expressão cara à crítica literária portuguesa, uma pedrada no charco. Não acredito que a democracia seja completamente falsa, André, o problema é o contrário, o problema é que aquilo que estamos a ver não é democracia, não é sequer uma falsa imagem de democracia. Que votemos para eleger um leque limitado de soluções que afinal defendem e representam todos os mesmos interesses, não é democracia: é um sistema que foi viciado. O desligamento de uma vida cívica em que as pessoas caíram, por causa em grande parte de coisas como um discurso tecnicista e sim bacoco, sancionou em parte a situação em que agora estamos, o modo como somos diariamente estupidificados e alienados das formas mais básicas (meios de comunicação, falta de cultura política e cívica e cultural, educação medíocre, desemprego, uma burocracia kafkiana...). Estava a ler esse artigo ontem e pareceu-me uma coisa irrespirável o nosso país. É tão tão clara a estupidez dos tipos que (não) nos governam (um estado baseado e sustentado pela cobrança de impostos que aconselha os seus contribuintes a emigrar enquanto sangra os que ficam ao mesmo tempo que propõe cortes constantes nos salários, já a níveis que não permitem a um gajo viver e que tem nas receitas geradas por impostos sobre o consumo uma fonte importante de receita é simplesmente mau demais para acreditar!, é estúpido, tacanho, sem sentido - interseirismo, filha da putice - um total estarem-se a cagar para os cidadãos que os elegeram para que eles salvarguadassem o bem comum, o princípio básico que devia sancionar a existência de qualquer governo, de qualquer estado, as pessoas vão votar e já nem devem ter esta noção!). Pagar a dívida rapidamente para continuar a dar de comer aos boys que continuam perpertuamente a engordar! O meu problema com essas vozes é que, quando elas aparecem, rapidamente caem ou são assimiladas pelo discurso dos que pretendem combater, ou não eram de princípio honestas o suficiente, comprometidas o suficiente. Nós falámos em tempos sobre isto (havia bagaço por isso é possível que ambos nos lembremos mal disto), o problema nevrálgico que envenena toda a estrutura é esse, a mediocridade dos nossos governantes (é preciso ser medíocre para ser corrupto) e o sistema está construído (ou viciou-se) de modo a dar espaço e a proteger estes indivíduos, parece que a garantir que eles propriamente existem, que são sempre substituídos por outros. Quando o Edward Hugh fala do "simplismo" do séc. XX talvez não seja a melhor formulação, mas naquilo em que aponta para o esgotamento deste sistema, para a forma como ele está a envenenar a nossa sociedade, ele não está errado. E no que aponta para uma necessidade de mudança de sistema, que aqui pode ser entendido como a mesma necessidade de que tu falas uma voz que proponha uma solução diferente também não. Que soluções economicistas não bastam, de resto a maior parte do problema, no caso português, está na promiscuidade entre os interesses económicos (i.e., constituída obliquamente uma meia dúzia de filhos da puta) e os partidos no poder. É isto que é preciso mudar. Propostas não bastam. Porque de outro modo, quantas vezes vamos ver este ciclo repetir-se?

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