sábado, 7 de abril de 2012

O corvo

        – Este corvo – disse o anacoreta – encontrei-o um dia em cima do cadáver dum mouro, tão farto de carniça e pesado que mal podia voar. Ia-lhe a dar com o bordão, levado por este instinto de hostilidade que há de espécie para espécie, mas lembrei-me que não tinha culpa de ser carniceiro e que limpar a terra da carcaça humana era obra até de misericórdia.

Aquilino Ribeiro, S. Banaboião, Anacoreta e Mártir, Bertrand Editora, 1985.

3 comentários:

  1. Um gozo pegado com a literatura hagiográfica. Dos melhores aquilinos que li.

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  2. A melhor companhia para esta época.

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  3. quando os lobos uivam talvez se adeque melhor ;) ou "a maravilhosa viagem de d. sebastião etc."

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