O alto adolescente. Caminha
em passo danção.
Camisola às riscas larga
vem dizer o
olhar tão alvejado.
O ar invulnerável é-lhe
dado pelo chapéu
de abas luminosas.
Ele e eu poucas palavras
perdidos para os lados
do mar.
O frio das ribanceiras
levou-nos às paredes,
eu pedi-lhe a mais breve
constelação, sal, areão
molhado, o rumor de outra coisa ainda.
Fernando Luís, Sólon, Imprensa Nacional Casa da Moeda, 1987
Mostrar mensagens com a etiqueta Fernando Luís Sampaio. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Fernando Luís Sampaio. Mostrar todas as mensagens
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
terça-feira, 21 de setembro de 2010
Lugares de Sombra
Estas às vezes vagarosas ilusões
em breve desistidas abrem
no meio das frases
lugares de sombra, desiguais tempestades.
E arrancam ocultas folhagens,
rastros de cólera, madeiras
corroídas pela torquez
da impaciência.
E ao mover os dedos,
a tua imensa sombra
arde no sublime cenário
destas imagens.
E assomam mais ferozes
águas, desiguais
tempestades...
Destas duras tábuas ergues
sustos singulares, cruéis fulgores,
tormentos. E nas espáduas depois
vejo rebentar o linho.
O fulgor magoado
das escarpas, os ombros
cobertos de giz.
Não digas súplicas, abre a
janela, olha os mesmos
subúrbios onde a luz parece
atravessar as sebes calcinadas.
E com esse brilho arterial
devasta a cor dos lábios.
Destrói portas, leva-nos
pelas frases dentro até
sentirmos sucumbir este céu
sob o inquieto rumor
destas duras tábuas
justamente.
Fernando Luís, Sólon, Imprensa Nacional Casa da Moeda, 1987
em breve desistidas abrem
no meio das frases
lugares de sombra, desiguais tempestades.
E arrancam ocultas folhagens,
rastros de cólera, madeiras
corroídas pela torquez
da impaciência.
E ao mover os dedos,
a tua imensa sombra
arde no sublime cenário
destas imagens.
E assomam mais ferozes
águas, desiguais
tempestades...
Destas duras tábuas ergues
sustos singulares, cruéis fulgores,
tormentos. E nas espáduas depois
vejo rebentar o linho.
O fulgor magoado
das escarpas, os ombros
cobertos de giz.
Não digas súplicas, abre a
janela, olha os mesmos
subúrbios onde a luz parece
atravessar as sebes calcinadas.
E com esse brilho arterial
devasta a cor dos lábios.
Destrói portas, leva-nos
pelas frases dentro até
sentirmos sucumbir este céu
sob o inquieto rumor
destas duras tábuas
justamente.
Fernando Luís, Sólon, Imprensa Nacional Casa da Moeda, 1987
Temple Bar
Pelo verão veste roupas
emprestadas, senta-se no empedrado
que abre para o terreiro
da capitania.
A luz aos tropeções deixa
a pedra solta, a lava levemente
verde, olhos perdidos,
boca pronta a buscar
sal do escuro, é ele o archeiro
das neblinas,
vulto de ave, cinza do amanhecer.
Fernando Luís, Sólon, Imprensa Nacional Casa da Moeda, 1987
emprestadas, senta-se no empedrado
que abre para o terreiro
da capitania.
A luz aos tropeções deixa
a pedra solta, a lava levemente
verde, olhos perdidos,
boca pronta a buscar
sal do escuro, é ele o archeiro
das neblinas,
vulto de ave, cinza do amanhecer.
Fernando Luís, Sólon, Imprensa Nacional Casa da Moeda, 1987
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
Vais ficar sem canções
O ronco da sirene à entrada
da barra traz o jovem às
portas enchameadas do deserto.
O olhar vai espancado nas
águas inflamadas, para o vão
das escadas iam sentir o
lume das salivas, o cabelo
desfeito no céu das calçadas.
Vais ficar sem canções,
tigre baleado, os dedos destronados
do peito, coração encordoado
na rocha dos fulgores.
E o brilho que nos varais
o mar entrança não é senão
o esgar do adeus, giz da boca,
cinza mordida que voa
para o último crepúsculo.
Fernando Luís, Sólon, Imprensa Nacional Casa da Moeda, 1987
da barra traz o jovem às
portas enchameadas do deserto.
O olhar vai espancado nas
águas inflamadas, para o vão
das escadas iam sentir o
lume das salivas, o cabelo
desfeito no céu das calçadas.
Vais ficar sem canções,
tigre baleado, os dedos destronados
do peito, coração encordoado
na rocha dos fulgores.
E o brilho que nos varais
o mar entrança não é senão
o esgar do adeus, giz da boca,
cinza mordida que voa
para o último crepúsculo.
Fernando Luís, Sólon, Imprensa Nacional Casa da Moeda, 1987
Subscrever:
Mensagens (Atom)