Mostrar mensagens com a etiqueta Etty Hillesum. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Etty Hillesum. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Zero

De vez em quando naufragava uma frota carregada de prata no oceano. A humanidade tentou desde sempre recuperar os tesouros afundados. No meu coração já se afundaram tantas frotas e toda a vida hei-de tentar trazer à superfície uma parte dos muitos tesouros que jazem lá no fundo. Ainda não tenho as ferramentas necessárias para isso. Vou ter de as fabricar a partir do zero.

Etty Hillesum, Diário: 1941-1943, Maria Leonor Raven-Gomes (trad.), Assírio & Alvim, 2009 (3ª ed.).

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

São agora oito e meia

São agora oito e meia, um aquecedor a gás, túlipas amarelas e vermelhas, e de repente, do pé para a mão, uma pastilha de chocolate da marca Droste, da tia Hes' e as três pinhas do urzal de Laten que ainda estão espalhadas junto à rapariga marroquina e ao Púchkin.
Sinto-me tão «normal», tão muitíssimo normal e satisfeita, assim sem aqueles pensamentos profundos e torturantes e pesados, mas tão normalíssima, tão cheia de vida e muito profunda, porém uma profundidade que pode ser encarada como normal.

Etty Hillesum, Diário: 1941-1943, Maria Leonor Raven-Gomes (trad.), Assírio & Alvim, 2009 (3ª ed.).