segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Rayuela


Podia escolher uma qualquer citação (tantas frases sublinhadas, tantas páginas anotadas), podia falar de Horacio ou de Maga, de Paris ou de Buenos Aires, da vida ou da morte, da ordem ou do caos, da arte ou da consciência, da solidão ou da sociedade. Mas não me apetece dizer nada. Ontem faziam a pergunta do costume: esse livro é sobre o quê? Não consigo. É sempre a mesma pergunta de merda mas desta vez não consigo. Inventa qualquer coisa. Não consigo. Sinto náusea em tudo o que faço desde ontem à noite. Como é que se explica isto? Há livros que nos atravessam como uma flecha e que deixam uma cicatriz profunda, indelével. Não sei se devia ter lido este livro, não sei se estava preparado para tudo isto, não sei se voltarei a ler tão cedo. Para que serve tudo isto, pergunta, entre cadernos preenchidos de palavras insignificantes, para quê?, ficheiros do pages cheios de vazio, para quê escrever se depois disto só se quer desaparecer?

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