segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

parece pelo melhor a chuva
desabando sobre a tua cabeça
o corpo tecido a partir da noite
saber a precisão de cerrar as mãos
bater contra o muro
bater até sangrar

uma raiva pesada cega inabalável
acerada como um punhal
uma raiva de dentes cerrados
sem assombro sem sofrimento
toda fechada sobre o mais ténue
movimento de cada músculo

uma raiva sem medo sem tristeza
para fender o escuro
repetindo a rapidez da seta
tornando a abrir
a mão contida
estacando
o mergulho na ponta do cais
antes do sangue
incandescendo na primeira palavra

uma raiva como a de Ulisses
na corda o arco
dobrado como o corpo
inclinado por sobre os braços
em esforço
o silvo da seta repetindo
cada recesso da memória
iluminando com um grito limpo
a casa crescida a partir da cinza

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