terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Decadência

O aspecto mais farisaico da mentira implícita no conceito de decadência é a pedanteria com a qual, no próprio momento em que se lamenta a mediocridade e o declínio e se registam os presságios do fim, se faz em cada geração a lista dos novos talentos e catalogam as formas novas e as tendências epocais nas artes e no pensamento. Neste recenseamento mesquinho, muitas vezes de má fé, perde-se o único e incomparável título de nobreza que o nosso tempo poderia legitimamente reivindicar a propósito do passado: o de não querer já ser uma época histórica.

Giorgio Agamben, Ideia da Prosa, João Barrento (trad.), Livros Cotovia, 1999

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