sábado, 28 de novembro de 2009

Luís Miguel Nava

Agora que caiu no abismo
e - porque não dizer? - no entorpecimento
onde assentavam as suas palavras,
hasteamos o seu nome.

Do mar à pele, crescem relâmpagos.
Ouviremos trovões revelar a memória
daquele que, com ela, em cujo corpo
fez um rasgão para nos mostrar a treva
que alastra das vísceras ao sangue;
emprestando ao céu
a cor da nudez de quem se veste
na margem duma vida por atirar ao mar,

até que seja uma ferida o silêncio
onde o sal parece ancorar.

Luís Filipe Nunes

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