quinta-feira, 12 de novembro de 2009

[A] ficção é como uma teia de aranha, talvez muito levemente ligada, mas ligada à vida nos seus quatro cantos. Muitas vezes esta ligação é dificilmente perceptível; as peças de Shakespeare, por exemplo, parecem estar ali suspensas, completas sem ajuda de ninguém. Mas quando a teia é puxada para o lado, presa na orla, rasgada no meio, lembramo-nos de que estas teias não são fiadas no ar por criaturas incorpóreas, mas, sim, o trabalho de seres humanos que sofrem e que estão ligados a factos extremamente reais como a saúde, o dinheiro e as casas em que vivemos.

Virginia Woolf
, Um Quarto Só Para Si, Maria de Lourdes Guimarães (trad.), Relógio d'Água, 2005

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