sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Por vezes, Taanach, soltam-se do fundo do meu ser exalações como quentes baforadas, mais pesadas que os vapores de um vulcão. Há vozes que me chamam, um globo de fogo rola e sobe-me pelo peito, sufoca-me, cuido morrer; e, depois, algo suave, que me escorre da testa para os pés, passa para a minha carne... É uma carícia que me envolve, e sinto-me esmagada como se um deus se estendesse sobre mim. Oh, bem gostaria de me perder na bruma das noites, na onda das fontes, na seiva das árvores, sair do meu corpo, ser apenas um sopro, um raio, e deslizar, subir até ti, ó Mãe!
Gustave Flaubert, Salammbô. Relógio d'Água.

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