domingo, 3 de outubro de 2010

Que luzes menores nesse teu rosto tão baixo
E cabisbaixo.
Que torpor nesse teu corpo
Tão cinzento e tão sujo.
Tens as orelhas caídas de um cão que foi batido.
Não paras de sangrar.
Não te quero aqui entre esta gente farta, entre estes monstros
Visíveis à distância como jóias em fúria.
Mais facilmente te deixaria morrer atrás de qualquer verso
Atrás de uma casa de passe criada só para mim
Atrás das minhas pálpebras pousadas como pássaros
Nos teus ossos tão limpos, tão brancos,
tão enxutos.

Armando Silva Carvalho, O Amante Japonês, Assírio & Alvim, 2008

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