domingo, 27 de setembro de 2009

«Sweet Bird of Youth» de Richard Brooks, 1962



















Sweet Bird of Youth é a transposição para cinema da obra homónima de Tenessee Williams. Importa dizer, antes de continuar, que não é justo, seja para que filme for, ser vendido na mesma caixa que The Night of The Iguana, A Streetcar Named Desire e Cat in a Hot Tin Roof, mas a verdade é que vêm todos no «pack» que reúne as adaptações ao cinema de algumas das peças de Tenessee Williams.
Servem estas considerações para dizer que até admito que Sweet Bird of Youth possa estar uns pontos abaixo de qualquer outro dos três títulos que referi, em parte porque é difícil para um Paul Newman de qualquer-filme-que-ele-tenha feito rivalizar com o Paul Newman que dá vida a Brick Pollitt. Porém, Chance Wayne é daquelas personagens interpretadas por Paul Newman que, por qualquer motivo, uma vez vista se torna inesquecível.
Chance Wayne é um homem, ainda jovem, que deixou a sua terra natal para tentar uma carreira como actor e fracassou. Vê-se forçado a regressar, e acaba por reencontrar o seu amor de juventude, uma moça que dá pelo apropriado nome de Heavenly (Shirley Knight).
Sweet Bird of Youth é um daqueles filmes que nos mostra como, quando pensamos que já nada nos pode ser tirado, que tudo o que havia a perder está perdido, resta sempre alguma coisa que nos pode ser roubada.
Porém, dependendo da índole do homem em causa, da sua habilidade para a esperança, da constância da «sua miúda», aquela que ficou na terra à sua espera, há ainda uma forma de continuar a viver, como se houvesse uma parte do espírito dos homens que guardasse instintivamente a disponibilidade para ser feliz.
Sempre achei que é a capacidade de perder, aliada a uma imensa esperança e alguma generosidade, que impede este filme de se tornar uma tragédia perfeita. Por demonstrar isto, e depois de nos mostrar cenas deveras cruéis, Sweet Bird of Youth converte-se num filme maravilhoso.

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