segunda-feira, 31 de agosto de 2009

VI

Tenho o rio na boca.
Tenho os pés abrasados
do atrito das poeiras
imersos no bálsamo da água.
Tenho a voz extenuada de dizer
à água que nunca se detém:
salve, ó cheia de pressa.

Tenho rio em vez de sangue.

A. M. Pires Cabral, in Telhados de Vidro, Inês Dias e Manuel de Freitas (dir.),nº 9, Averno, Novembro de 2007.

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